Brasil pode passar por falta de fertilizantes em 2022

Brasil pode passar por falta de fertilizantes em 2022

Crises internacionais podem prejudicar o fornecimento e encarecer os preços dos fertilizantes e, em consequência dos alimentos

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Postado em: 26/11/2021

Na última quarta-feira a convite da Módulo FM, o Diretor Financeiro e de Operações da Verde Fertilizantes, Felipe Paolucci, concedeu uma entrevista exclusiva onde trouxe algumas informações sobre a possibilidade de haver redução da oferta de fertilizantes no país em 2022.

A possível falta de fertilizantes pode causar uma crise no agronegócio brasileiro. Na primeira semana de outubro, o presidente Jair Bolsonaro, durante uma solenidade no Palácio do Planalto, fez uma declaração sobre o assunto afirmando que faltará fertilizantes e haverá problemas de abastecimento no próximo ano.

Segundo Felipe Paolucci, essa falta ocorre principalmente por conta da forte dependência do Brasil em importação de países como China, Rússia, Bielorrússia e Canadá. Desde o início do ano, o Brasil tem enfrentado contratempos para garantir que os fertilizantes cheguem ao agricultor e a alta dos preços é um reflexo disso.

“Não digo tanto uma falta sistemática, mas temos observado sim uma escassez, que está trazendo uma falta de oferta e a demanda se mantendo estável ou até crescendo, faz com que os preços tenham uma pressão inflacionária muito grande. Então observamos aí aumento de cloreto de potássio mais de 240%, ureia mais 200%, entre outros fertilizantes [...] o Brasil hoje importa mais 95%, por exemplo, do seu potássio e isso faz com que a dependência seja muito grande na mão de poucos”, afirmou.

Como os fertilizantes representam de 25% a 30% dos custos de produção, a alta dos preços eleva esses custos. Isso pode trazer duas consequências: a diminuição da rentabilidade das lavouras e o aumento dos preços para o consumidor final.

O impacto disso na agricultura brasileira pode ser muito grande, já que, com altos preços e sem garantia de conseguir os fertilizantes, a adubação das safras fica ameaçada. Tal cenário está relacionado à alta dependência do Brasil de fertilizantes importados, além de outros fatores, como a desvalorização do Real e do aumento de preço dos combustíveis.

“Tivemos o problema a desvalorização do real, que do ano passado para cá foi de R$4,20 para R$5,60. Então isso impacta bastante diretamente nos preços dos fertilizantes que são importados, trazendo maior custo aqui para o agricultor brasileiro que, consequentemente, tendo a oportunidade de vender em dólar, também aumenta, quando ele pode, o preço dele em dólar trazendo uma inflamação generalizada para os preços dos alimentos. [...] Um outro fator que é muito importante citar também, é o custo de combustíveis, seja óleo diesel ou outros tipos de combustíveis, que faz com que o frete marítimo tivesse um aumento exponencial também agora nesse período de retomada da economia”, pontuou o Diretor Financeiro e de Operações da Verde Fertilizantes.

De acordo com dados do relatório da Cogo Inteligência em Agronegócio, o Brasil é o 5º consumidor mundial desse tipo de insumo, e em contrapartida, responde por somente 2% da produção mundial de fertilizantes. No entanto, conforme Felipe Paolucci explicou, o país tem capacidade de se autossustentar, pois possui diversas reservas que poderiam auxiliar na demanda nacional.

“A Verde [por exemplo] possui disponibilidade de minério para manter uma autossuficiência para o Brasil por longas décadas, e isso faz com que possamos diminuir o nossa dependência. Então, por exemplo, só para ter uma ideia, a capacidade das nossas reservas na região do São Gotardo tem uma capacidade para subir mais de 50% da demanda por parte nacional pelos próximos 66 anos”, informou.

Tudo isso demonstra como estar dependente de outros países para sustentar a necessidade de fertilizantes, em especial do potássio, prejudica a agricultura brasileira e, em consequência a economia do país e a vida da população. Por isso, segundo o Diretor Financeiro e de Operações da Verde Fertilizantes reduzir essa dependência é fundamental para que o agro do Brasil se torne mais forte.

Confira a entrevista completa abaixo:

 

Stéfany Dias/Rafael Pires – Módulo FM

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