Maioria das vítimas de homicídio por arma de fogo no Brasil são mulheres negras, revela pesquisa

Maioria das vítimas de homicídio por arma de fogo no Brasil são mulheres negras, revela pesquisa

Por Juliano Resende

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Postado em: 12/03/2024

Em estudo recente divulgado pelo Instituto Sou da Paz, uma alarmante realidade foi trazida: 68,3% das mulheres assassinadas com armas de fogo no Brasil são negras. O relatório, intitulado “O Papel da Arma de Fogo na Violência Contra a Mulher”, baseia-se em dados de mortes violentas registrados pelo Ministério da Saúde em 2022, bem como em uma série histórica que remonta a 2012.

A pesquisa aponta que, em média, cerca de 2,2 mil mulheres são mortas a tiros anualmente no país, representando aproximadamente metade dos assassinatos femininos. No ano de 2022, 60% das vítimas de homicídio feminino, de um total de 1,9 mil casos, tinham entre 20 e 39 anos.

Um dado preocupante é que 27% desses homicídios ocorreram dentro do lar das vítimas, sugerindo um forte componente de violência doméstica. Para mulheres não negras, este índice é de 34%, enquanto entre os homens mortos por ferimentos de bala, apenas 12% dos casos ocorreram em casa.

O estudo também revela a influência do álcool na violência: em pelo menos 25% dos casos de agressões não fatais, suspeita-se que o agressor estava sob efeito de álcool, percentual que sobe para 35% em incidentes domésticos. Contudo, em 45% das notificações, não há informação sobre o estado de sobriedade do agressor, o que pode indicar uma taxa ainda mais elevada de influência alcoólica nas agressões.

O Instituto Sou da Paz destaca que as armas de fogo aumentam significativamente o risco de morte em situações de violência doméstica ou em relações afetivas. Notavelmente, 43% das mulheres assassinadas por armas de fogo em 2022 foram mortas por alguém próximo, incluindo parceiros íntimos, amigos e familiares, com um terço das vítimas tendo experimentado violência anterior.

A pesquisa sublinha a importância de dar atenção às vítimas que sobrevivem às agressões, devido ao risco de recorrência da violência. Como medida de prevenção, desde 2021, o Formulário Nacional de Avaliação de Risco de Violência Doméstica e contra a Mulher foi instituído, visando identificar fatores de risco e orientar decisões judiciais para a proteção das vítimas, com especial atenção para casos envolvendo ameaças com armas de fogo ou acesso do agressor a esses armamentos.

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