Por Juliano Resende
Postado em: 10/09/2024
Nesta segunda-feira (09/09), dois trabalhadores foram resgatados de uma carvoaria em Guimarânia, após serem submetidos a condições análogas à escravidão. A operação foi realizada por uma força-tarefa envolvendo o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Agência Regional do Trabalho de Patos de Minas e a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
De acordo com o procurador do Trabalho Hermano Martins Domingues, a investigação revelou jornadas exaustivas de cerca de 14 horas diárias, alojamentos em barracas de lona, alimentação insuficiente e acesso limitado a água potável. Além disso, os trabalhadores eram forçados a permanecer no emprego sob ameaça de não receber pagamento e enfrentavam descontos irregulares nos salários, caracterizando servidão por dívida.
Os dois trabalhadores, naturais de Montes Claros, relataram que trabalhavam das 5h30 às 18h, sete dias por semana, sem registro em carteira. Após mais de 30 dias de trabalho, ainda não haviam recebido salário, e as despesas com transporte e alimentação seriam descontadas de seus pagamentos. "Passamos fome pelo menos três vezes por semana e estamos há mais de três dias comendo apenas arroz e feijão", disseram os trabalhadores.
Os auditores fiscais Deusdedit Rodrigues e Gustavo Pereira também descreveram as condições degradantes nos alojamentos: sem acesso a água potável, sem alimentos suficientes, expostos a animais peçonhentos como escorpiões e cobras, e sem instalações básicas como banheiro ou chuveiro. No local de trabalho, os homens operavam tratores e motosserras sem qualquer tipo de treinamento ou equipamentos de proteção individual (EPIs).
O empregador foi notificado e terá que pagar os salários devidos, as verbas rescisórias, formalizar os contratos de trabalho e providenciar o retorno dos trabalhadores a Montes Claros. As barracas usadas como alojamentos foram interditadas.
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