Fato inédito revolta torcedores e patrocinadores que se empenharam em todos os sentidos para a manutenção do CAP na 1ª divisão
Postado em: 21/03/2024
A crise no Clube Atlético Patrocinense no início da temporada de 2024 parece interminável. Após várias greves de jogadores que alegam salários atrasados, desligamento de atletas importantes por mau comportamento e saídas de jogadores que justificaram propostas melhores de outros clubes, além do fraco desempenho na primeira fase do Campeonato Mineiro, surge um novo episódio na saga: O não pagamento da taxa de arbitragem em tempo hábil, resultando em uma derrota por W.O. para o Ipatinga.
Entenda o caso:
Conforme o regulamento da Federação Mineira de Futebol (FMF), o CAP tinha até a tarde de quarta-feira (20/03) para efetuar o pagamento do boleto no valor de R$ 58 mil, referente à taxa de arbitragem do jogo programado para esta quinta-feira (21/03), às 20h30, no Estádio Pedro Alves do Nascimento, em Patrocínio, contra o Ipatinga, válido pela 3ª rodada do Triangular da Morte do Campeonato Mineiro. A diretoria do Clube Atlético Patrocinense não teria conseguido realizar o pagamento e a entidade máxima do futebol mineiro declarou o Ipatinga vencedor do confronto por W.O., com placar de 3 a 0, conforme nota oficial da FMF.
Com esse resultado, o Clube Atlético Patrocinense está virtualmente rebaixado ao Módulo II do estadual em 2025, com chances remotas de permanecer na elite. Na repescagem do Campeonato Mineiro, o Ipatinga soma 06 pontos em 2 partidas, seguido pelo Democrata de Governador Valadares com 03 pontos em duas partidas, enquanto o CAP está na lanterna do triangular, sem conquistar nenhum ponto em duas partidas.
A próxima partida do CAP está marcada para segunda-feira (25/03), às 19h30, no Vale do Aço de Minas Gerais, contra o Ipatinga. O time de Patrocínio deverá encerrar sua participação na 1ª divisão do Campeonato Mineiro, após 7 anos, enfrentando o Democrata de Governador Valadares, no sábado, 30 de março, às 16h30, no Estádio Pedro Alves do Nascimento.
Na manhã desta quinta-feira (21/03), o gerente de futebol do CAP, Tiago Pires, concedeu entrevista ao repórter Márcio Luiz, da Módulo FM, e afirmou que o planejamento para a competição foi mal feito e faltou muita reponsabilidade com a instituição. Confira:
Quarta-feira tumultuada no CAP:
Antes do anúncio do cancelamento da partida entre CAP e Ipatinga, ocorreu uma reunião dos atletas do CAP com o presidente Ronaldo Correa de Lima. Durante a reunião, realizada no campo do Estádio Pedro Alves do Nascimento, os jogadores reivindicaram do presidente do clube o pagamento dos 20% restantes da folha salarial do mês de fevereiro, que havia sido prometido pelos diretores até esta semana, após o pagamento de 80% antes do confronto contra o Democrata, em Governador Valadares. Os atletas também exigiram o pagamento de duas premiações, no valor de R$ 10 mil e R$ 20 mil.
Torcida desolada e presidente omisso:
Os torcedores do clube estão usando as redes sociais para expressar tristeza após a notícia da derrota para o Ipatinga e o rebaixamento do clube para a 2ª divisão do futebol de Minas Gerais, após 7 anos consecutivos disputando a 1ª divisão do estado. A Mancha Grená, torcida organizada do Clube Atlético Patrocinense, divulgou uma nota expondo sua insatisfação.
Presidente do Conselho Deliberativo do CAP se expressa:
Nas redes sociais, circula um áudio em que o presidente do Conselho Deliberativo do CAP, Reinaldo Luqui, afirma que os dirigentes procuraram ajuda para o pagamento do borderô da Federação Mineira de Futebol em várias entidades da cidade, mas todas fecharam as portas. Segundo Luqui, não haveria mais recursos disponíveis para ajudar o clube, pois eles já têm doado semanalmente verduras e frutas para a alimentação dos atletas, além de ajudar a pagar o sócio torcedor do clube.
"A gente foi em todos os órgãos, todos os órgãos fecharam as portas pra nós, então para tirar do bolso a gente não tinha, já tiramos demais, então virou um saco sem fundo", disse Reinaldo no áudio, acrescentando que várias promessas feitas pelo presidente Ronaldo Correa de Lima, juntamente com o prefeito Deiró Moreira Marra, antes da competição, não foram cumpridas.
Presidente Ronaldo Correa visava a Copa do Brasil:
Quando eleito presidente do Clube Atlético Patrocinense, o empresário e Superintendente do DAEPA (Departamento de Água e Esgoto de Patrocínio), Ronaldo Correa de Lima, aliado do prefeito da cidade Deiró Moreira Marra, prometeu que este ano seria histórico para o Patrocinense. Em diversas entrevistas concedidas à imprensa local, o mandatário afirmava que o técnico Rogério Henrique teria total liberdade para montar um elenco forte e que a equipe conquistaria uma vaga na Copa do Brasil de 2025.
Realidade oposta:
O CAP até começou a temporada de 2024 surpreendendo, ao vencer o Atlético Mineiro por 2 a 1, pela primeira rodada do Campeonato Mineiro, no Estádio Pedro Alves do Nascimento. Depois as coisas desandaram: a equipe começou vencendo o Uberlândia fora de casa por 1 a 0 no Parque do Sábia, mas no final da partida acabou tomando um gol de falta. Na 3ª rodada, perdeu em casa para o Villa Nova por 1 a 0, com um gol de falta que, na opinião dos torcedores, seria defensável para o goleiro Cairo, que mais uma vez havia falhado, já que tinha sofrido gols de falta contra o Atlético e o Uberlândia. Na 4ª rodada, outra derrota, desta vez para o Cruzeiro por 3 a 0, jogando no Mineirão em Belo Horizonte. Na 5ª, com o Estádio Pedro Alves do Nascimento recebendo um bom público, o CAP se reabilitou na competição ao vencer o Ipatinga por 2 a 1. Na 6ª rodada, mais um balde de água fria: em uma noite de sábado, o Patrocinense foi goleado em Tombos pelo Tombense por 4 a 0. Na 7ª rodada, o time começou bem contra o Itabirito em Belo Horizonte, vencendo por 2 a 0, mas cedeu o empate ao adversário no fim da partida com uma grande falha do goleiro Cairo. Na 8ª rodada, o time jogava em Patrocínio precisando de uma simples vitória, mas o contrário aconteceu: o time foi derrotado pelo Pouso Alegre por 1 a 0 e foi para a repescagem do Campeonato Mineiro.
Problemas à tona:
Após a derrota para o Pouso Alegre, em Patrocínio, o técnico Rogério Henrique pediu demissão. Após a saída do treinador, os jogadores Everton Kanela (artilheiro do time), Nando e Cláudio foram desligados do CAP por mau comportamento. Em seguida, o clube anunciou a chegada do técnico Célio Lúcio, mas os jogadores anunciaram greve e não treinaram por falta de pagamento dos salários. Mais saídas foram anunciadas: Gabriel Galhardo (capitão), Matheus Cassini e Thiago Correa deixaram o clube.
Jogadores que ficaram novamente fizeram greve: Antes da partida contra o Democrata de Governador Valadares, os atletas fizeram novamente uma pequena greve e reivindicaram o pagamento dos salários de fevereiro para entrarem em campo contra a pantera. Após reunião com diretores, atletas e comissão técnica chegaram a um acordo e viajaram para a região central de Minas Gerais, onde o clube foi derrotado pelo Democrata por 1 a 0. E o capítulo final se deu nesta quarta-feira (21/03), com a reunião entre os jogadores e o presidente Ronaldo Correa de Lima, e o não pagamento do boleto referente à arbitragem da partida desta quinta-feira contra o Ipatinga, culminando na derrota por W.O. e o rebaixamento do Clube Atlético Patrocinense para o Módulo II de Minas Gerais.
Futuro do Clube Atlético Patrocinense:
Após a derrota para o Ipatinga, resta saber se o clube entrará em campo para as duas partidas restantes, contra o mesmo Ipatinga e contra o Democrata.
O Patrocinense está confirmado pela Confederação Brasileira de Futebol no Campeonato Brasileiro da Série D, no Grupo A-7. A estreia será contra o Água Santa de São Paulo, em Patrocínio, com a data da partida ainda a ser confirmada entre sábado, 27, ou domingo, 28 de abril. O Campeonato Brasileiro da Série D começa em 27 de abril e termina em 29 de setembro.
Anderson Rocha/Márcio Luiz/MóduloFM
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